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Reportagem

Pai e filha mantêm
tradição em artesanato

Herculano Vicenzi
Especial para o Anexo


Joinville - A casa de número 68 da rua Francisco Cristofolini, no bairro Vila Nova, na zona Oeste de Joinville, abriga uma oficina rústica, que há anos atrai uma numerosa e selecionada freguesia. No local, Egon Züge, de 67 anos, e sua filha Mara, de 33 anos, fabricam gaiolas para curiós e coleiros. Através do mais autêntico artesanato, os Züge contam com clientes em diversos Estados brasileiros, bem como na Alemanha, Suíça e Canadá.

A produção de gaiolas na família Züge é uma tradição de décadas, iniciada por Rodolfo, pai de Egon e avô de Mara. Falecido há 21 anos, o velho Rodolfo foi o responsável pela conquista do mercado nacional. No começo dos anos 70, recebeu a visita de Roberto Rivelino, tricampeão mundial de futebol e emérito criador de curiós, que acabou virando seu freguês. Estavam definitivamente abertas as portas do mercado nacional.

Quando o artesão faleceu, o filho Egon, que tinha aprendido o ofício, mas que se dedicava à profissão de motorista, largou o caminhão para dar prosseguimento ao trabalho do pai. Há 13 anos, Mara desistiu da profissão de promotora de vendas para seguir os passos do avô e do pai.

Para fabricar 24 gaiolas por mês, em cores branca e vermelha, a dupla de artesãos trabalha de domingo a domingo, oito horas por dia. Para a fabricação de gaiolas brancas, eles usam madeira de pau-marfim. Gaiolas vermelhas são feitas com madeira de canjarana.

Os Züge trabalham exclusivamente com arame de aço inoxidável e pregos de cobre, que eles fabricam no esmeril. São materiais que não enferrujam, garantindo qualidade e durabilidade das peças, assinalam gaioleiros de Vila Nova.

O preparo da madeira e pregos é feito através de máquinas artesanais desenvolvidas por Egon. "Papai não tem diploma, mas é um engenheiro nato, pois soube montar com perfeição uma serra tico-tico, um esmeril e uma furadeira, as máquinas necessárias para desenvolver um bom trabalho", elogia Mara.

O preparo da madeira, que é o trabalho mais demorado e meticuloso, é todo manual. A madeira é lixada a mão, inclusive peças pequenas, de cores alternadas entre branco e vermelho, que preenchem entalhes, formando belos desenhos na base das gaiolas. "Nosso trabalho exige habilidade e paciência de monge, sem isso nada feito", diz Egon, enquanto prepara mais uma peça.

Os principais mercados dos Züge são Joinville, Florianópolis, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Santos. Com trânsito em algumas das principais cidades brasileiras, o mercado externo foi alcançado há cinco anos. Atualmente, contam com fregueses regulares na Suíça, Alemanha e Canadá. Detalhe curioso: no Canadá, as gaiolas são usadas para abrigar pequenas plantas ornamentais.

Em função de muitas encomendas e da produção limitada, os Züge não dispõem de gaiolas para pronta entrega. O telefone para contato é (47)3439-0721.

Matéria do Jornal AN do dia 03 de Outubro de 2001.
 

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